domingo, 26 de agosto de 2007

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“Querido diário virtual, fico me perguntando se posso chamar Oscar de “meu macho”. Sim, ele é tudo que sonho e espero na vida. Macho, gostoso e, sobretudo, problemático. Mal resolvido e dependente. De certa forma sinto que o tenho nas mãos. Ontem foi na boca, mas espero que em breve seja dentro de mim por outro buraquinho. Quer dizer, não é exatamente mais um buraquinho, digamos que é um buraco. Também não está um buracão, não. O dicionário diz que “buraco” é – orifício, cova, toca. Gosto de toca. Então, espero em breve ter Oscar dentro da minha toquinha, tudo bem, tudo bem, TOCA, então. A primeira vez que dei, isso já faz um bom tempinho, achei que o cara, um bofe meio jegue, tinha me estraçalhado e adeus cuzinho virgem, fiquei morrendo de medo de precisar ir para o hospital consertar o rabo. Tive a sensação de ter ficado com um buraco entre as pernas que não iria fechar nunca mais. Depois voltou tudo ao normal, quando fui dar outra vez, minha segunda levada na bunda, para o mesmo cara, descobri que não estava largo. Achava que iria entrar fácil, que nada, a dificuldade e a dor foram quase às mesmas da primeira vez. O que me deixa mais encanado mesmo é o preconceito de Oscar, no fundo sei que ele me desaprova, desaprova meu jeito, como me visto e as coisas que gosto...

Ao lado do computador o celular vibra, ascende e logo vai emitir um som...

“Fala, Lelé!”

“Oi, Leandro. Tudo bem? Pode falar ou está ocupado atendendo algum bofe, sua vadia?!”

Lelé é Lélio, o estilista que está bancando o michê, segundo Leandro. Eles também estavam na boate à noite que Leandro conheceu Oscar, sentados numa mesa, Lélio, o michê, o jornalista e o intelectual metido a besta.

“Não, eu não estou atende nenhum bofe. E você, agüentando ainda os 24 cm do seu michezinho?”

“Vem cá... Quem é o bofe que estava com você na boate?

“O bofe? Meu namorado!”

“Namorado? Já? Parecia que vocês tinha acabado se conhecer...”

“Isso aquele dia. Depois disso já rolou muuuita coisa, ontem por exemplo...”

“Ah! Tah... Jean acha que conhece o bofe...”

“O quê? Aquela jornalista maldita conhece o Oscar?”

“Hummm... É Oscar o nome do bofe?”

“É! Oscar, o nome do MEU bofe.”

“Oscar... Interessante.”

“Hei, de onde Jean conhece Oscar?”

“Ele não lembra direito, acha que é de uma sauna aí...”

“Sauna?”

“É! Sauna. Esses bofes com pinta de pittboy gostam de dar suas escorregadelas. Não vê aquele ator e os amiguinhos pegando travestis e batendo em prostituta...”

“Então, tah! E daí?”

“Calma, Leandrinho. Calma. Nada a ver. Afinal, o bofe já é seu mesmo... Ai, meu outro celular está vibrando, é o Nico, deixa-me ser feliz, amorzinho.”

“Vai, vai sua venenosa ser feliz com os 24 cm do Nico.”

Sauna? Oscar não falou nada que já foi a saunas. Será? Intriga da bicha maldita. Será que Oscar conhece Jean?

Celular à mão. Agenda. Oscar. Chama duas vezes.

“Alô.”

“Sou eu.”

“Eu sei. Não estou podendo falar...”

“Você conhece o Jean?”

“Quem?”

“Você sabe quem... Aquele jornalista maldito da mesa das bichas que eu te mostrei lá na boate...”

“Não, não conheço.”

“O Lélio, disse que ele já te viu numa sauna...”

“Lélio, quem é Lélio?”

“O estilista caso do michê...”

“Cara, amanhã a gente a conversa, agora não posso falar. Pootz, não gostei nada de saber que sou assunto de bichas... Falou, a gente fala sobre isso amanhã.”

“Beijo.”

Desligou sem responder pelo menos – outro.