domingo, 26 de agosto de 2007

5

“Preciso que você me ajude descobrir se o Jean realmente conhece Oscar. Se essa história de sauna é verdade ou não.” – diz Leandro inclinado sobre a mesa em tom de conspiração.

“É! Mas essa informação não vai sair assim de graça, não.” – responde Nico cheio de si enquanto leva o copo de cerveja a boca.

“Tudo bem, tudo bem. Eu pago.”

“Paga?” – Nico ri com deboche e enche a boca de batatas fritas. “Você ainda deve uma graninha daquela vez, lembra?” – pergunta de boca cheia.

“Você disse que ia fazer um desconto para mim...”

“E fiz mesmo e ainda assim você ficou devendo.”

“Paguei o que achei justo, você nem quis gozar.” – diz Leandro em tom de impaciência e em seguida enche o copo de cerveja com cuidado para deixar com colarinho.

“Eu tinha avisado antes, lembra? Antes. O que é combinado antes é o que vale. Não podia gozar porque tinha outro programa com um figurão aí que iria pagar uma grana preta para mim foder a mulher dele enquanto ele assistia tudo.”

“Para eu foder a mulher dele.”

“Você, não. Eu. Você não foder ninguém...”

“Ta, ta. Esquece isso... O correto é ‘eu foder’ e não ‘mim foder”. Esquece. Agora estamos falando de outro negócio. Quero comprar uma informação.”

“Por que você não pergunta direto para esse Oscar?”

“Já perguntei.”

“Então?”

“Acha que eu nasci ontem? Bicha burra nasce homem. O bofe é cheio de neuras, nunca vai admitir que já ficou com a bicha podre...”

“Pergunta ao Jean.”

“A bicha podre vai dizer que ficou mesmo que não tenha ficado. Não conhece bichas?”

“Jean pode não ter ficado, mas pode mesmo ter visto o bofe na sauna...”

“É! Pode, eu sei. É exatamente isso que eu quero que você descubra. A verdade. Se ficou, ou se só viu, ou se inventou tudo isso. Ou se coisa do Lélio.”

“Vem cá. Você não tem medo desse bofe? Cara assim um dia está transando com você, goza, fica arrependido e te mata na porrada.”

“Aiaiai... engraçadinho. Oscar não é desse tipo de cara, eu sei.”

“Vai nessa. Sei de cada história que se contasse aqui iria te fazer molhar as calcinhas de medo... Só quero saber da grana, vai ser duzentinhos, vai ter para pagar? Vai ser informação para lá e grana para cá.”

“Duzentinhos? Está louco? Muito caro, pago cem.”

“Nada feito. Duzentinhos ou esquece.”

“Duzentinhos com direito a algo mais?”

“Como assim, algo mais?”

“Você sabe...”

“Só porque você é bichinha bonitinha, acho que posso ser bonzinho e te dar de brinde... Uma chupetinha, uma rapidinha, hein?!”

“Ah! Chupeta. Seu pau nem cabe na minha boca. Quero onde posso sentir inteiro dentro de mim.”

Nico ri alto.

“Da outra vez você não agüentou.”

“Agüentei sim. O que não dei conta foi da pressão que você colocou na hora de socar...”

“Não sou uma Disneylândia, sexo para mim é uma aventura na selva, saca?”

“Saco. Alexandre Frota.”

“Vou pensar no seu caso, quem sabe no dia estou a fim de foder um cuzinho de bichinha nova, aí já é.”

“Quando você vai ter a informação que preciso. Amanhã?”

“Acho que amanhã... E a grana, você tem para amanhã?”

“Tenho. Estou com uma grana para pagar o condomínio, uso para te pagar e depois vejo essa parada do condomínio.”

“É isso aí, nenê. Assim que o Nico gosta. Com grana é outra história, grana na mão do Nico e a cueca do Nico no chão... Ah! Você ainda gosta de cheirar cueca?”

“Adoooro! Vai com uma bem usada, tipo, não troca essa que está usando hoje.”

Nico dá uma piscada. Levanta da mesa. Em pé toma o último gole de cerveja do copo.

“Falou. Vou nessa.”

“Espera. E a conta?”

“A conta? Duas cervejas, uma porção de fritas... Ah! Leandrinho, você sabe como funciona o submundo, caras como você que querem comprar informação, pagam à conta. Caras como eu que têm o que vocês querem... Nunca pagam à conta.” – Nico diz tudo isso em pé com os polegares nos bolsos frontais do jeans e com os dedos indicadores evidenciando o volume que bem vistas as coisas é o que caras como Leandro, Lélio, Jean e outros querem.